domingo, novembro 18, 2007

samba é privilégio de poucos


Não tinha nada para fazer então resolvi postar, postei como sempre um poema, só que desse eu não sou muito fã...ele soa para mim muito "esboço", mas fazer o que, não sou genial e nem sempre consigo dar vazão para minha suposta criatividade


Ecos...

A luz atingiu a areia,

Iluminando aquela pobre criança

Com choro e solidão, abandonada

De pele avermelhada, mas não pela ação da luz

não pronuncia palavras, mas longe de estar calada

prenuncio do fim que acaba de zarpar.

Tambores rufam e percorrem as matas

Uma vez julgado paraíso perdido,

Agora enfim está prestes a se perder

Homens grandes de olhos e peles claras

Ensopados de suor, roupas pesadas

Tambores, trombetas...armas

Chegaram, dizem, com a real palavra

Às margens de um rio com águas diferenciadas

Vermelho, mas não da cor da pele da criança, a citada

Mas sim por dor, sangue!

De longe se vê, o front está armado,

vieram reivindicar posse

-Propriedade?

Assustados, perguntam os nativos

“Rei, reino, regra”

tantas palavras com “r”

-Trouxemos civilização!

dizem os peles claras,

e dizem que em nome do rei e do livro,

da tal real palavra,

João, Matheus, Lucas, Jesus... Cristo...

Deus e toda a santíssima trindade formada (amém)

-Cristãos sereis por vontade própria ou forçada

mais uma vez ordena os peles claras

E assim a terra uma vez julgada sagrada,

começa desde já a sangrar

Fugindo de tais palavras, supostamente de paz e compreensão

nas escrituras consagradas,

versículo à salmo, salmo à versículo

paulatinamente profanadas

Uma vez esta terra que soou sacra,

agora está amaldiçoada

O verde, as matas...começa-se a derrubada,

cana, algodão, tabaco, escravidão

A partir daí o destino dessa terra foi selado

E a criança continua a chorar, e continuará

nas areias daquela praia qualquer

ao sol, a sorte, perecerá,

e o eco do choro continuará a ecoar

por séculos e séculos a frente,

pois ao contrário de uma outra criança,

que nasceu em algum outro lugar

esta não veio ao mundo para reinar’


(Gustavo Arêas)

Nenhum comentário: